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sábado, 8 de novembro de 2014

POEMA VENCEDOR DA IX FESTA DA DAMURIDA NA MALACACHETA





POESIA DA IX FESTA DA DAMURIDA 2014
I
1.A  festa vai começar
Com nossa crença cultural
Com defumação do Maruaí
Nosso grande ritual
Fazendo a preparação
Com essa defumavai começar agora
Para afastar todo o mal.

2. Agora nesse momento
Vem a apresentação
Das escolas e comunidades
Que aqui participarão
Que todas sejam bem vindas
Na festa da Damurida
Uma festa de tradição.

3. Com a dança do parichara
Todos se apresentarão
Pra preservar nossa cultura
Costume e tradição
Cultura que é minha e sua
Dos wapichanas da serra da lua
De povo da região.

4. Para todos kaimen pugary
Parichara canto mari, mari
Fazendo uma grande roda
Tomando um bom parakari
Na festa da damurida
Aqui na nossa terra querida
E kaimen wat kary.

VIII
1.      Essa é a damurida
Alimento tradicional
Dos wapichanas da serra
Dos antigos marinau
Caxiri nossa bebida
Damurida nossa comida
Vem do nosso ancestral.

2.      Damurida pra ser boa
Tem que ter pimenta ardosa
Tem que ter o tucupi
Pra ficar bem saborosa
E pra ser original
Tem que ser bem natural
Pra ficar boa e gostosa.

3.      Damurida é comida
De macuxi e wapichana
É do povo wai, wai
Ingaricó e iecuana
Comidaamis
 dos taurepangs
E também dos yanomis
La matas e savanas.

4.      Alimento da nossa alma
Alimento da nossa vida
Alimento dos guerreiros
É a nossa damurida
Alimento da mãe terra
dos índios das matas e serras
da malacaheta querida.


II
1.      A mesa vai se formar
Com lideranças e autoridades
Com apoiadores da festa
Lideranças da comunidade
E a hora da palestra
Pra falar dessa festa
Uma festa de amizade.

2.      E depois das palestras
Começa as competições
Entre as comunidades
Costumes e tradições
Competição cultural
Do povo tradicional
       só ganha os campeões.

3.      Corrida com cabaça na cabeça
E flecha ao alvo parado
E para os bons flechadores
Flecha ao alvo calculado
E vai começar agora
Aquela corrida com tora
Esse é bem disputado.

4.      Quem toma mais caxiri
Quem trança a darruana
É uma disputa acirrada
Entre macuxi e wapichana
E tem o melhor artesanato
Tem a corrida do saco
É uma disputa serrana.


VII
1.      Com peixe água e sal
Com folha tucupi e fervida
Dentro da panela de barro
Nossa damurida é cozida
Acompanhada do beijú
E moquém de catitu
Essa é a damurida.

2.      Faço a minha damurida
De cará e de bodó
Pego os peixes lá no lago
Com piaba e pongó
Vou fazer minha comida
Eu faço minha damurida
De xidauá e sarapó.

3.      Cozida em panela de barro
com beijú ela é servida
Mas também com a farinha
Ela pode ser comida
Comida tradicional
É um grande festival
A festa da damurida.

4.      Feita com carne de caça
E com o peixe monqueado
Com a carne de mutum
Com a carne de veado
Minha comida preferida
É a minha damurida
Dos wapichanas do lavrado.


III
1.      A festa vai continuar a noite
Com a noite cultural
Com a dança do prichara
E com a peça teatral
É festa com alegria
Isso no primeiro dia
Depois o silêncio é total.

2.      Agora na sexta-feira
A maratona vai começar
Também a corrida ciclística
      Que todos vão pedalar
      Quem come mais damurida
     Que tem que ser bem ardida
     Pra ver a língua perdida.

3.      Concurso do casal de índios
Da IX festa da damurida
Tem que ser na tradição
Para ser fortalecida
Concurso da melhor pintura
Pra fortalecer a cultura
Ganha quem for aplaudida.

4.      A índia dos cabelos longos
A melhor pintura corporal
Concurso da melhor damurida
Tudo é tradicional
A damurida tem ser ardosa
Enfeitada e bem saborosa
Com pimenta, peixe e sal.


VI
1.      É uma comida gostosa
Faz parte da minha vida
Tem que ter muita pimenta
Com carne de caça é cozida
Misturada com tucupi
Com pimenta murupi
Ta feita a damurida.

2.      Com peixe melhor ainda
Essa é a preferida
Com pimenta malagueta
Fervendo na damurida
Damurida com pacú
Acompanhada de um beijú
Essa é nossa comida.

3.      Damurida com veado
Damurida com tatu
Tem damurida com paca
Damurida de catitu
Damurida com surubim
Damurida com mandí
Com peixe pirapucu.

4.      Com pimenta malagueta
Com pimenta canaimé
Com pimenta olho de peixe
Com carne de jacaré
Com carne de pirandirá
Botando pra cozinhar
Com moquém de puraqué.


IV
1.      Concurso que eu mais gosto
        É o concurso do poema
        IX Festa da damurida
        É esse o grande TEMA
        A festa da damurida
        Minha festa preferida
        Essa frase é o meu lema.

2.      Tem torneio de futebol
Para adultos masculinos
Também torneio society
Para adultos femininos
Tem muita competição
É festa da integração
Para velho, jovem e menino.

3.      Tem corrida de cavalo
O paréo vão disputar
Tem que ser cavalo mestiço
Pra poder participar
Cavalos da região
É mais uma atração
Que nós vamos apostar.

4.      O concurso agora é de dança
De dança tradicional
A dança do parichara
O canto é um coral
Cantando em wapichana
Carregando baldes e darruana
A Frente vai MARINAU.


V
1.      Depois das oitos da noite
vem as atrações principais
dos nossos artistas indígenas
com as bandas regionais
tocando bem animado
pra ninguém ficar parado
mostrando como é que se faz.

2.      O clube de fãs de quadrinhos
Vai ficar em exposição
E tem também os bonecos
Que é mais outra atração
Pra onde ir eu não sei
Também tem spidwei
Corrida com emoção.

3.      A hora mais esperada
Deve ser bem aplaudida
Concurso bem disputada
Escolha da melhor damurida
Tem que ser bem saborosa
Com pimenta bem ardosa
Para ser a escolhida

4.      A carne na damurida
Pode ser bem varíada
Pode ser carne de peixe
Ou a carne de queixada
Com pimenta bem fervida
E pronta pra ser servida
Com caldo apimentada.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

CASIMIRO CADETE Mestre da Língua wapichana Morre aos 96 Anos


A Nossa comunidade Indígena Canauanim Amanheceu triste na manhã do dia 06 de Outubro de 2014, pois nessa manhã um de seus filhos mais ilustre Adormeceu para sempre. Trata-se de CASIMIRO MANOEL CADETE, o patriarca da Família CADETE. ele já vinha sofrendo há muito tempo com problemas cardíacos que o debilitou e o fragilizou. Em 19 de Setembro de 2014, Casimiro teve uma crise e algumas pessoas espalharam boatos de que ele teria morrido, esse dia a comunidade realizava seu décimo festival INTERCULTURAL. tudo não passou de boatos e para provar que ele estava bem vivo o grande guerreiro juntou forças para ir participar da festa, e onde todos puderam vê´lo e falar pessoalmente com ele. A noite houve um grande desfile com ele, sua família, amigos e a comunidade ali presente, ele viu as rodas de parichara, sentiu o calor e o carinho das pessoas, e junto dele estava a sua esposa Dona INÊS, que também doente não o abandonou por um segundo. Ele com o olhar triste, parecia que estava se despedindo de seu povo, foi sua última festa junto da comunidade, o Adeus parecia ser inevitável. Todos cantaram para ele, suas musicas tradicionais e também a dança, muitas homenagens foram feitas, ele apenas olhava em silêncio toda aquela agitação, talvez muitas lembranças lhe vieram na memória do tempo que ele podia participar da festa com saúde, energia e muita alegria. Casimiro era mestre da língua wapichana e uma de suas grandes obras foi traduzir o NOVO TESTAMENTO  da BIBLÍA SAGRADA para língua WAPICHANA e teve seu trabalho reconhecido pelo VATICANO, além disso outros historiadores e estudiosos que escreveram e publicaram suas narrativas contribuindo com a literatura nacional.
CASIMIRO chegou ao Canauanim ainda jovem junto com seus Pais e avós que fundaram a comunidade a KANA'WAU, canauanim. Ele foi um dos primeiros tuxauas reconhecidos pela SPI (SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO INDIO). Que deram a ele Um capacete e uma espada que lhe dava total poderes de resolver os problemas interno da comunidade, ele também foi o primeiro professor a ensinar as crianças a ler e a escrever, foi também o primeiro agente de saúde, parteiro, rezador,
e também o primeiro catequista que exerceu durante quase cinquenta anos. Seu nome na língua wapichana era KASUMI, que significava PURAQUÉ, o grande peixe életrico com muita força e energia,  Descanse em Paz grande guerreiro! que a mãe terra o receba e que seu espiríto adormeça em paz.