Arquivo do blog

domingo, 4 de maio de 2014

ATY GUASU LUTA CONTRA O EXTERMÍNIO DO POVO NATIVO GUARANI-KAIOWÁ

Esta nota da Aty Guasu e a última palavra da liderança feminina-viúva Damiana-Guarani Kaiowa visa comunicar ao Presidente da República do Brasil Dilma Rousseff, Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Joaquim Barbosa, todas as sociedades nacionais e internacionais que a comunidade GUARANI-KAIOWÁ DO TEKOHA APYKA’I-DOURADOS-MS FOI COMUNICADA PELO TRIBUNAL REGIONAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA 3ª REGIÃO EM SÃO PAULO QUE A PARTIR DE DIA 07 DE MAIO DE 2014 AS COMUNIDADES GUARANI E KAIOWA DE APYKA’I, (A PEDIDO DO FAZENDEIRO E A USINA DE ALCOOL SÃO FERNANDO) SERÃO ATACADA E DESPEJADA PELA POLÍCIA FEDERAL.
Diante disso, a liderança viúva-Damiana e comunidade reafirmam que não vão sair do tekoha Apyka’i. “o meu pai e minha mãe, todos parentes, 3 meus filhos e 3 netos estão enterrados aqui no Apyka’i, por isso “ EU JÁ FIZ TAMBÉM O BURACO E COVA PARA MIM E AQUI QUERO SER ENTERRADA PELA JUSTIÇA DO BRASIL, A MANDO DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF”. Reafirma a liderança feminina Damiana Guarani e Kaiowa.
DIANTE DESSA AÇÃO DOS FAZENDEIROS E FAMASUL ATRAVÉS DA JUSTIÇA FEDERAL, SE A COMUNIDADE GUARANI E KAIOWÁ VULNERAVEIS DO TEKOHA APYKA’I FOR ATACADA E DESPEJADA PELA POLÍCIA FEDERAL NO DIA 08 DE MAIO DE 2014, NÓS LIDERANÇAS GUARANI-KAIOWÁ DOS POVOS INDÍGENAS DO MS VAMOS ABANDONAR A “MESA DE DIÁLOGO” COORDENADO PELO MINISTRO DA JUSTIÇA/GOVERNO FEDERAL. Estamos aguardando pacientemente a posição, ação e resultado positivo de “Mesa de Dialogo” do governo federal, mas no final de abril de 2014, RECEBEMOS A NOTÍCIA E NOTIFICAÇÃO DE QUE VAI ACONTECER O DESPEJO JUDICIAL DA COMUNIDADE GUARANI-KAIOWÁ DO TEKOHA APYKA’I, ALÉM DISSO, HÁ VÁRIAS ORDENS DE DESPEJO JUDICIAL SOLICITADAS PELOS FAZENDEIROS/FAMASUL EM CURSO. FRENTE AOS FATOS, EM MAIO DE 2014, NÓS LIDERANÇAS INDÍGENAS DO MS ESTAREMOS DISCUTINDO PARA ABANDONAR A “MESA DE DIALOGO” E VAMOS FAZER A RETOMADA DE TODAS AS NOSSAS TERRAS INDÍGENAS IDENTIFICADAS, DEMARCADAS, HOMOLOGADAS. COMUNICAMOS AO GOVERNO FEDERAL QUE ESSA SERÁ A DECISÃO DE POVOS INDÍGENAS GUARANI-KAIOWÁ, SE A COMUNIDADE GUARANI E KAIOWA DO APYKA’I FOR ATACADA E DESPEJADA PELA POLÍCIA FEDERAL.
Há mais de 15 anos, a comunidade GUARANI-KAIOWÁ reivindica a demarcação de tekoha Apyka’i. Em 2008, a mando da Usina de Álcool São Fernando e fazendeiros, dezenas de pistoleiros atacaram a comunidade GUARANI-KAIOWÁ e queimaram todas as ocas/casas e destruíram as plantações e animais domésticos dos indígenas. Os pistoleiros renderam e torturaram todos os integrantes da comunidade indígena, fraturaram as pernas e os braços dos GUARANI-KAIOWÁ. Os homens fortemente armados despejaram e largaram indígenas à margem da rodovia. Alguns dias depois, da margem da rodovia, a comunidade despejada retornou ao tekoha Apyka’i quando começou a sofrer cerco de pistoleiros contratado. Na época, a liderança religiosa idoso da comunidade GUARANI-KAIOWÁ foi atropelado e dilacerado pelo veículo da fazenda. O cadáver da liderança foi sepultado no tekoha Apyka’i.
A viúva Damiana assumiu a liderança da comunidade. Em 2009, a Usina São Fernando e fazendeiro conseguiu uma ordem de despejo judicial dos indígenas do tekoha Apyka’i. A ordem judicial foi executada pela força policial em 2009. A comunidade GUARANI-KAIOWÁ novamente foi largada à margem da rodovia onde não tinha água para eles beber e monitorada pelos pistoleiros.
No final de 2010, a comunidade GUARANI-KAIOWÁ pela segunda vez retornou ao tekoha Apyka’i, mas foi atacada e retirada pelos pistoleiros da Usina de Álcool no momento que mais uma liderança foi torturada e assassinada pelos pistoleiros da fazenda. Pela terceira vez a comunidade foi atacada, torturada e expulsa de sua terra tradicional Apyka’i. Os pistoleiros despejaram a comunidade à margem da rodovia. Em 2011, um dos filhos da Damiana foi atropelado e dilacerado pelo carro da fazenda.
Em 2012, à margem da rodovia, em suas barracas, a comunidade inteira começou a sofrer ameaça de morte, mais uma criança foi atropelada pelo veículo da fazenda.
Em 2013, uma indígena idosa morreu intoxicada pelo veneno lançado pelo avião da Usina de Ácool São Fernando. Em 2013, mais uma criança foi dilacerada pelo carro da Usina São Fernando. Em agosto de 2013 todas as barracas foram incendiadas pelos homens da Usina de Álcool. Na margem da rodovia, a comunidade além de sofrer ameaça de morte e bebia água poluída, passando miséria e fome.
Em setembro de 2013, a comunidade GUARANI-KAIOWÁ mais uma vez retornou ao tekoha Apyka’i onde tem água da mina d’água, a comunidade construiu as suas barracas, ficando distante da margem da rodovia. Desde setembro de 2013 a comunidade do tekoha Apyka’i passou a sofrer ameaça de morte. Uma das comunidades GUARANI-KAIOWÁ mais ameaçada e sofrida nos últimos quinze (15) anos no município de Dourados-MS. Esses fatos acontecidos com a comunidade Apyka’i, no último ano, já foram divulgados amplamente nas imprensas nacionais e internacionais. Em 2014, desde janeiro de 2014 a comunidade GUARANI-KAIOWÁ do tekoha Apyka’i mais uma vez foi notificada pela Justiça Federal (TRF3/SP) para ser expulsa de sua terra tradicional, autorizando a força policial para despejar os indígenas do Apyka’i. NO FINAL DE ABRIL DE 2014, MAIS UMA VEZ, A JUSTIÇA FEDERAL COMUNICOU QUE A COMUNIDADE GUARANI-KAIOWÁ SERÁ ATACADA E DESPEJADA PELA POLÍCIA FEDERAL A PARTIR DO DIA 07 DE MAIO DE 2014.
Diante disso, a liderança viúva-Damiana e comunidade declarou que não vai sair do tekoha Apyka’i. “JÁ FIZ BURACO E COVA PARA MIM E AQUI QUERO SER ENTERRADA PELA JUSTIÇA DO BRASIL, A MANDO DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF”
A viúva Damiana ameaçada de morte falou assim: “o meu pai, o meu marido e meus filhos já foram assassinados e enterrados aqui, eles foram assassinados pelos fazendeiros”, “eu e a comunidade vamos morrer tudo aqui também. Não quero mais voltar na beira da rodovia, lá sofremos muito, lá é um lugar de morrer, por isso em vez de voltar na beira da rodovia, quero que a justiça do Brasil mande matar-nos todos aqui e enterrar nós aqui mesmo”. “Na condição de mulher-viúva que meu marido morreu lutando pela terra. Estou avisando o governo Dilma, justiça federal e todos (as) sociedades que vou morrer também lutando pelo pedaço de nossa terra Apyka’i, essa é nossa decisão”. “Pedimos apoio de todos (as) para que o governo e justiça em vez de despejar e matar-nos, é para demarcar o pedaço de nossa terra tradicional Apyka’i”. “Aqui será mais derramado o nosso sangue pelo governo Dilma e pela justiça do Brasil”, “não tenho mais medo de morrer”, “vamos morrer lutando pela nossa terra tradicional Apyka’i”
Nós lideranças da Aty Guasu solicitamos também ao Governo Dilma e Supremo Tribunal Federal para deixar VIVER O TEKOHA APYKA’I. NOSSO GRITO ALTO É: CHEGA DE EXTERMÍNIO DA COMUNIDADE DO TEKOHA APYKA’I - JUSTIÇA DO BRASIL, FAMASUL, FAZENDEIROS, USINA SÃO FERNANDO NÃO EXTERMINE GUARANI-KAIOWÁ DO TEKOHA APYKA’I
DEIXA TEKOHA APYKA’I SOBREVIVER.
Tekoha Guarani Kaiowa Apyka’i-Dourados-MS, 02 de MAIO DE 2014
Aty Guasu luta contra o extermínio do povo nativo GUARANI-KAIOWÁ

GleiceOliveira Guarani-Kaiowá


fonte: Página Indios no Brasil 2