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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A LENDA DO CURUMIM MACUNAÍMA

O sol era um jovem forte e bonito, e nascia todos os dias para brilhar no céu e iluminar a terra com seus belos raios, pois foi para isso que PAABA (Deus) o criou. Mas a noite era muito escura e PAABA, também criou a lua, para iluminar as coisas na escuridão. A lua era uma moça branca de cabelos compridos e prateados, muito linda e que em algumas noites estampava sua beleza no céu sendo admirada por várias estrelas e por muitas criaturas noturnas.
E todos os dias era assim, quando o sol nascia, a lua já estava morrendo, quando a lua se preparava para nascer o sol já estava morrendo no final do horizonte. Certo dia quando o sol se preparava para lançar seus primeiros raios solares ele avistou de longe no céu uma moça muito linda, ele ficou muito admirado com sua beleza, pois nunca tinha visto nada igual, era a mais linda de todas as moças. O sol se apaixonou perdidamente naquele dia.
No mesmo dia a moça lua se preparava para descer do céu e já era dia, e a sua beleza já tinha iluminado muito a terra por aquela noite, ao jogar a vista de longe ela viu um jovem muito brilhante de cor dourada subindo no céu, ele era muito forte e muito bonito, seu coração ficou acelerado e a paixão foi inevitável, a lua também se apaixonou pelo sol naquele dia. O sol tentou se aproximar da lua, mas ela se afastava cada vez mais dele até desaparecer. Todos os dias era assim, os dois só conseguiam se ver de longe, e foi assim por muitos e muitos anos, o amor dos dois parecia impossível.
PAABA, com pena dos dois fez nascer o Eclipse solar e aproximou a lua do Sol, os dois assumiram formas humanas e se tornaram homem e mulher e se encontraram pela primeira vez em Matuwi kukenã na grande montanha sagrada, e se amaram dentro do grande lago, debaixo das cachoeiras, o encontro foi muito rápido, pois o eclipse duraria poucos minutos. Depois disso, as águas se fecundaram e de dentro dela surgiu curumim Macunaíma, o filho da paixão do sol com a lua.
Por lá existia a tribo dos índios Taulipangs, índios Pemóns, que habitavam a região na fronteira do Brasil com a Venezuela. Certo dia, em uma caçada encontraram o curumim perto de uma cachoeira, uma família o adotou e ele viveu entre a tribo. Macunaíma cresceu e se tornou um grande guerreiro, um grande caçador e um grande Xamã, conhecedor da floresta e todos os seus segredos, PAAba lhe concedeu poderes sobre naturais para cuidar da floresta, dos campos, das savanas, dos animais, das plantas, das pessoas e da grande montanha sagrada, que era a morada dos espirítos, se tornando um herói para todos.
Um dia em uma caçada, Macunaíma chegou perto de Matawi kukenã e começou uma grande ventania, uma tempestade com muitos raios e trovões, no mesmo instante a grande montanha falou com ele, PAABA lhe mostrou WAZAKÁ, a árvore de todos os frutos. Era uma árvore sagrada que carregava várias frutas, entre elas, banana, abacaxi, cana, melancia, cupuaçu, caju, castanha, buriti, tucumã e muitas outras. A missão de Macunaíma era tomar conta daquela árvore e dividir seus frutos entre os homens e também entre os animais da floresta e entre os bichos dos rios lagos e igarapés. Todos os dias dias Macunaíma saía para cuidar da grande árvore, e quando retornava com muitas frutas de várias espécies que distribuía entre a tribo, animais e os que precisavam, todos ficavam bem alimentados. Muitos homens perguntavam de onde Macunaíma trazia aquelas frutas gostosas, porém ele nunca revelava de onde as trazia.
Os feitos de Macunaíma foram causando inveja em alguns homens da tribo. Numa tarde saiu para caçar e pegar mais frutas, como fazia quase todos os dias, e alguns índios o seguiram até onde estava wazaká e ficaram observando Macunaíma pegando seus frutos e admirados com a aquela grande árvore carregada de muitos frutos que parecia nunca acabar, Macunaíma apanhou muitas frutas e depois foi embora, mas os índios ficaram ali e também apanharam e comeram muitas frutas. Os índios então pensaram em pegar alguns galhos daquela árvore para plantar em suas roças para que ela nascesse que nem wazaká e então cortaram muitos galhos dela e levaram consigo.
No outro dia Macunaíma foi até onde estava a grande árvore para coletar mais frutos, e ao chegar lá teve uma grande surpresa; wazaká estava murcha, sem seus galhos e seus frutos desapareceram. Em instante, surgiu um grande temporal e derrubou de vez a árvore de todos os frutos. Macunaíma ficou muito triste, mas sua tristeza não foi  maior que sua ira e ele muito zangado usou seus poderes e queimou toda a floresta, homens e animais. Os índios que roubaram as frutas e cortaram os galhos de wazaká foram transformados em pedra, bem como muitas árvores, os taulipangs que sobreviveram fugiram da região.
PAABA também ficou zangado com Macunaíma por não ter cuidado de sua árvore a wazaká e também o transformou em pedra, mas seu Espírito continua morando em MATAWI KUKENÃ, a grande montanha, o Monte Roraima, a morada dos espíritos. Quando wazaká caiu muito de suas sementes se espalharam pelo mundo e é por isso que em alguns lugares as frutas são mais abundantes do que as outras em alguma espécies de frutas.


LENDA DOS INDIOS TAULIPANG

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