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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

a origem do nome Canauanim

 
A ORIGEM DA COMUNIDADE CANAUANIM

A comunidade foi fundada pelo Wapichana Manduca Cadete e sua Esposa Mariquinha, eles eram avós de Casimiro Cadete. Manduca trabalhava para um branco chamado Bento brasil trazendo mercadoria de Manaus, vindo de Canoas pelo rio branco.  em uma de sua viagens conheceu Mariquinha que era do rio negro e índia Guarani e falava a língua geral, eles se casaram e vieram morar nesse lugar.
Manduca construía muitas canoas de madeira Cupiúba e Mirarema, essas canoas seguiam pelo igarapé da canoa até chegar no igarapé surrão que ia chegar até o rio branco, naquela época ainda não existia estradas e o transporte eram somente as canoas, e o igarapé por ser a estrada da canoas, eles colocaram o nome em wapichana – KANAWAÙ, que quer dizer passagem da canoa, eles usavam o rio para transportar seus produtos como: banana, milho, abacaxi, mamão,  macaxeira, melancia, Jurumum, e farinha, goma, tapioca e outros. Eles iam até Boa Vista para comprar mercadorias como: Açúcar, Sal, óleo, sabão e panos para fazerem roupas, o centro antigo de Canauanim ficava em volta de um Igarapé. Em 1958 Casimiro Cadete foi nomeado Tuxaua pela SPI nessa época existia apenas doze famílias e seis brancos que moravam na comunidade. Casimiro foi o primeiro Catequista da igreja Santa Luzia, o primeiro professor, oprimeiro agente de saúde da comunidade.
Segundo seu Casimiro Cadete o nome foi mudado para Canauanim pelos brancos que não conseguiam pronunciar o nome em wapichana, Canauanim possui uma área de 11.182 hectares de terra e foi demarcada e homologada em Fevereiro de 1996. Sua população em 2012 conta com   147   famílias numa população de 930 pessoas.
CASIMIRO CADETE- fundador da comunidade Canauanim, Senhor mais antigo da comunidade

 OUTRA VERSÃO


A outra Versão da origem do Canauanim foi contada por Pajé Izaiasm que contou para Lourival Solon. Ele contou que antigamente no Canauanim existia um igarapé grande que passava abeirando a maloca, nesse igarapé existia muitas espécies de peixes e tinha fartura em abundância, o igarapé tinha grandes profundidades de água e sua extensão era grande e nunca secava, e ao longo de sua extensão existia uma queda d`água que jorrava com intensidade, porém os antigos diziam que ali morava um grande Jacaré Açu de dois rabos que os wapichanas chamavam de KANAWADA que quer dizer Jacaré grande, que segundo eles era o pai do igarapé, que protegia o lugar.
            Alguns pescadores chegaram a ver o Jacare nessa cachoeira, ele era muito grande e abria sua boca e os peixes caiam dentro, á noite quando todos estavam dormindo e o silêncio pairava no ar era possível ouvir o rosnado do bicho ao longe misturados ao som das águas da cachoeira. O bicho zangava quando alguém, lavava sangue em suas águas, dizem que ele encantava os moradores pegando suas almas, principalmente crianças, e mulheres quando estavam menstruadas. Dizem que uma certa noite um grupo de índios pescavam pelo igarapé em cima de uma Canoa e cruzaram com o bicho de dois rabos, e ele com muita fúria Comeu todos eles.
            A partir desse acontecimento os moradores ficaram amedrontados e pediram a ajuda de um pajé que bateu folha e conversou com o bicho, e ele disse que ali era a casa dele e os homens o estavam perturbando, os moradores pediram que o pajé tirasse aquele bicho dali, mas ele avisou a todos que depois que o bicho for embora tudo iria desaparecer, os peixes e até as caças que bebiam água no igarapé. Pois ele iria secar e tudo desaparecia. Pajé rezou e jogou uma batata rôxa dentro do igarapé, nesse dia tudo escureceu com nuvens de chuvas e um grande temporal caiu, chuva relâmpago, trovões e tempestade aconteceu, era o bicho que estava abandonando aquele igarapé.
            A partir daquele dia o igarapé secou por completo e tudo desapareceu como previu o Pajé, as caças e os peixes sumiram, como a maioria dos moradores eram wapichanas, o lugar ficou conhecido como KANAWADA, outros afirmavam que era por causa da Canoa que foi encontrada muitos anos depois enterrada no leito do igarapé, quando foi questionado por que foi mudado para Canauanim, ele afirmou, assim como Casimiro Cadete que os brancos foi quem mudaram o nome, por não saber a pronúncia, principalmente os malária da Sucam que tinham que preencher fichas, eles quiseram mudar o nome da comunidade para maloca do Jurací. Segundo Lourival ele disse que a pronuncia antiga era canoani e não Canauanim.

 

            OS PRIMEIROS TUXAUAS DA COMUNIDADE

            O fundador da Comunidade Manduca Cadete foi um líder na comunidade e foi considerado tuxaua, Luiz Cadete pai de Casimiro Cadete foi também um dos primeiros tuxauas da maloca, seu nome foi colocado na primeira Escola que surgiu na comunidade, mas eles não foram reconhecidos oficialmente pela SPI (serviço de Proteção ao Indio), somente em 1958 que Casimiro Cadete foi nomeado e reconhecido oficialmente como tuxaua da maloca, ele recebeu da FUNAI uma espada e um capacete que simbolizava o Exercito Brasileiro. Casimiro disse que o motivo dele ter ido na Funai foi por que um Fazendeiro por nome Waldemar da Costa ameaçou expulsar os índios do Canauanim dizendo que todas aquelas terras eram suas, pois ele tinha comprado do antigo dono por nome Antônio Pinheiro que dizia que desde o surrão, Santa Cecília até a Serra da Malacacheta era dele. A FUNAI perguntou a ele quem tinha chegado primeiro e ele disse que foi seu Avô e ele ganhou a área do Canauanim.
            Casimiro foi Tuxaua por muitos anos na Comunidade, e guardou a espada e o capacete por muitos anos, e todos os problemas que o tuxaua ia resolver sempre colocava o capacete na cabeça e a espada na cintura para que o respeitasswm com autoridade, mas um dia sua casa pegou fogo e o capacete e sua espada se perderam nele e ele não pôde mais repassar para os seus sucessores.
            Depois de Casimiro Cadete, assumiu a comunidade como Tuxaua seu irmão Andrade Cadete que também passou vários anos, depois veio os tuxauas: VITOR BARROS o único macuxi a assumir a comunidade, LEONCIO CADETE, GETÚLIO SOLON,(tuxaua por duas vezes) ETEVALDO SOLON,(tuxaua duas vezes e quase quinze anos de mandato), JULIÃO OLIVEIRA (único guianense a assumir a comunidade) IVÔNIO SOLON (o primeiro professor a assumir a comunidade, 2008 a 2010), RIVANILDO CADETE (professor e atual tuxaua da comunidade).



PRODUÇÃO

            Naquela época eram poucas as famílias existentes, mas havia muita fartura, pois as famílias produziam muito, todos tinham roças, e elas eram grande em torno de trinta a quarenta linhas de roças e plantavam muitas bananas maças, milho jurumum,macaxeiras, abacaxi, melancia, melão, arroz, car;a, batata, mamão e muita mandioca. Os moradores pagavam trabalhadores para trabalharem nas roças, e o carro da feira passava toda semana para pegar a produção para levar para feira livre que ficava em frente onde hoje é a Maternidade, quando o carro da feira não passava o próprio produtor pagava um carro de frete para pegar sua produção.
            A produção de banana maça era grande que entrava carro só para pegar esse produto, e também a produção de farinha e seus derivados como: goma, tapioca, carimã.Com a fartura da produção era Comum também todos os moradores criarem animais em grande quantidade como: galinhas, patos, picotes e principalmente porcos, e alguns criavam carneiros e bois, A Criação só era possível, por que as famílias produziam em grande escala. As famílias também plantavam muitas arvóres frutíferas como: manga, laranja, tangerina, graviola, limão, goiaba, araça, Ata, ingá, caju, jaca, azeitona e outros.

ALIMENTAÇÃO

            Até a década de 50 as famílias do Canauanim tinham uma alimentação natural, sem a interferência das comidas industrializadas em excesso, pois comiam aquilo que produziam, e geralmente a base de água e sal quando era possível ter sal, os moradores pela manhã tomavam geralmente o Mingau feito de batata, macaxeira, jerimum, cará, arroz, goma ou carimà, minha avó contava que os antigos acordavam cedo, a mulher para descascar ou batata, ou macaxeira, jerimum ou para pilar arroz para fazer o mingau, quando colocava a panela no fogo enquanto o mingau cozinhava ela ia fiar algodão fazer fios para fazer rede, o homem acordava cedo para trançar peneira. O mingau as vezes era tomado com açúcar e leite, mas na sua maioria era tomado ensosso, pela dificuldade do produto, as vezes tomava-se o café preto adoçado com garapa de cana.
            Depois do mingau vinha o segura peito, damurida de peixe com pimenta malagueta, ou caça ou peixe moqueado, como o sal era difícil os alimentos geralmente eram monqueados, ou seja assados em brasa para que fossem conservados vários dias. As caçaseram as carnes de> tatu, capivara, veado, anta, paca, cutia, catitu,e porco do mato, macaco ou jabuti que era cozido. Os peixes também como: aracu, surubim, Matrinchã, bodó, cará, jejú, traíra, piaba e outros.
            Todos os alimentos eram servidos somente com a farinha e o beijú feitos de mandioca, dela também era feito o caxiri que quando fermentada depois de três dias em diante torna-se uma bebida fortissíma

A partir dos anos 60 a comunidade começa a consumir com mais intensidade os alimentos industrializados como: açúcar preto comprados na Guiana, sal, sardinh, conserva, óleo, trigo, manteiga, pão, cachaça e etc.

Um comentário:

  1. Adorei ler este artigo, lendo revivi cada momento que vivi na aldeia quando eu era criança e a aldeia era chamada de canoani.Meu nome de batismo e Lucilene Cadete, filha de Maria Luiza Cadete irma de Casimiro Cadete. Hoje moro no sul do Brasil em Curitiba-Pr.

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