A região indígena da serra da lua está localizada na porção
centro-leste do Estado de Roraima Brasil, na região fronteiriça com a república
cooperativista da Guyana. A serra da lua é um imenso maciço rochoso formado
principalmente por material granitíco e quartizito, que faz parte do complexo
Guianense. A serra se destaca na paisagem por atingir mais de 1000 m de
altitude e ser um divisor natural entre as pediplanícies do rio branco ao norte
e a floresta Amazônica ao sul. As 17 malocas que compõem a região indígena são
hoje o centro geográfico do atual território wapixana.
Os limites da região são os rios Tacútu, ‘’Takutuwa’u’’, ao
norte e leste e o branco, ‘’Wauz’, a oeste os rios secundários da bacia do
branco são os Quitauaú, ‘’kuituwa’u, urubu ‘Watuwa’u, Jacamim Namatiwa’u, e
arraia Dybaruwa’u. há diversos igarapés que alimentam estes e estão espalhados
pelos campos e pelas serras. Seu nome certamente vem da tradução do topônimo
wapixana Kayzdyky’u, no qual Kayz é lua e dyky’u Serra. Henri Coudreau, em 1887 também documentou em campo
juntos aos wapixanas os mesmos termos. Ele relatou dos antigos habitantes do
setor norte da serra, os ‘’Aturaiú’’ histórias sobre a serra da lua: ‘’Esta
serra tem bem 1500 m de altitude absoluta. Ela inspira os atorradis um ar supersticioso,
a montanha é maldita. Não há pessoas lá, ninguém vai caçar, pois eles tem medo.
Há tribos de kanaimé, os chiricoumes’’.
Verdade ou não, até hoje na serra da lua não encontramos
wapixanas, ou qualquer outra etnia. Não obstante, sua magnificência inspira os
indígenas a respeitá-la e não incomodá-la. Dentre todos os wapixanas
entrevistados, apenas um havia subido a serra e, mesmo assim, uma única vez,
visto que a viagem é longa e penosa. Há oito dias de viagem pelo rio Tacutú
chega-se bem próximo à terra indígena de Jacamim região sudeste da serra da
lua. Francisco Xaviern Ribeiro de Sampaio (1777), dedica algumas páginas de seu
trabalho às expedições espanholas no território do rio branco e concluiu com
certa irônia que ‘’a busca do El dourado é o verdadeiro motivo dos espanhóis
invadirem o território do rio branco.
O pesquisador Koch-Grumberg diz que os ‘’Wapixanas entraram
há anos no território dos aturaiú, uma tribo, como aquela aruak,
assimilando-lhe a língua e formando esse grupo dialetal’’. O grupo do qual
trata o pesquisador alemão é o Aturaiú
.
texto retirado de Caderno de Estudo dos Wapixanas de João Paulo Jeannine Andrade Carneiro.
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