O sol era um jovem forte e bonito, e nascia
todos os dias para brilhar no céu e iluminar a terra com seus belos raios, pois
foi para isso que PAABA (Deus) o criou. Mas a noite era muito escura e PAABA,
também criou a lua, para iluminar as coisas na escuridão. A lua era uma moça
branca de cabelos compridos e prateados, muito linda e que em algumas noites
estampava sua beleza no céu sendo admirada por várias estrelas e por muitas
criaturas noturnas.
E todos os dias era assim, quando o sol
nascia, a lua já estava morrendo, quando a lua se preparava para nascer o sol já
estava morrendo no final do horizonte. Certo dia quando o sol se preparava para
lançar seus primeiros raios solares ele avistou de longe no céu uma moça muito
linda, ele ficou muito admirado com sua beleza, pois nunca tinha visto nada
igual, era a mais linda de todas as moças. O sol se apaixonou perdidamente
naquele dia.
No mesmo dia a moça lua se preparava
para descer do céu e já era dia, e a sua beleza já tinha iluminado muito a
terra por aquela noite, ao jogar a vista de longe ela viu um jovem muito
brilhante de cor dourada subindo no céu, ele era muito forte e muito bonito,
seu coração ficou acelerado e a paixão foi inevitável, a lua também se
apaixonou pelo sol naquele dia. O sol tentou se aproximar da lua, mas ela se
afastava cada vez mais dele até desaparecer. Todos os dias era assim, os dois
só conseguiam se ver de longe, e foi assim por muitos e muitos anos, o amor dos
dois parecia impossível.
PAABA, com pena dos dois fez nascer o
Eclipse solar e aproximou a lua do Sol, os dois assumiram formas humanas e se
tornaram homem e mulher e se encontraram pela primeira vez em Matuwi kukenã na
grande montanha sagrada, e se amaram dentro do grande lago, debaixo das cachoeiras,
o encontro foi muito rápido, pois o eclipse duraria poucos minutos. Depois disso,
as águas se fecundaram e de dentro dela surgiu curumim Macunaíma, o filho da
paixão do sol com a lua.
Por lá existia a tribo dos índios Taulipangs,
índios Pemóns, que habitavam a região na fronteira do Brasil com a Venezuela.
Certo dia, em uma caçada encontraram o curumim perto de uma cachoeira, uma
família o adotou e ele viveu entre a tribo. Macunaíma cresceu e se tornou um
grande guerreiro, um grande caçador e um grande Xamã, conhecedor da floresta e
todos os seus segredos, PAAba lhe concedeu poderes sobre naturais para cuidar
da floresta, dos campos, das savanas, dos animais, das plantas, das pessoas e
da grande montanha sagrada, que era a morada dos espirítos, se tornando um
herói para todos.
Um dia em uma caçada, Macunaíma chegou perto
de Matawi kukenã e começou uma grande ventania, uma tempestade com muitos raios
e trovões, no mesmo instante a grande montanha falou com ele, PAABA lhe mostrou
WAZAKÁ, a árvore de todos os frutos. Era uma árvore sagrada que carregava
várias frutas, entre elas, banana, abacaxi, cana, melancia, cupuaçu, caju,
castanha, buriti, tucumã e muitas outras. A missão de Macunaíma era tomar conta
daquela árvore e dividir seus frutos entre os homens e também entre os animais
da floresta e entre os bichos dos rios lagos e igarapés. Todos os dias dias
Macunaíma saía para cuidar da grande árvore, e quando retornava com muitas
frutas de várias espécies que distribuía entre a tribo, animais e os que
precisavam, todos ficavam bem alimentados. Muitos homens perguntavam de onde Macunaíma
trazia aquelas frutas gostosas, porém ele nunca revelava de onde as trazia.
Os feitos de Macunaíma foram causando
inveja em alguns homens da tribo. Numa tarde saiu para caçar e pegar mais
frutas, como fazia quase todos os dias, e alguns índios o seguiram até onde
estava wazaká e ficaram observando Macunaíma pegando seus frutos e admirados
com a aquela grande árvore carregada de muitos frutos que parecia nunca acabar,
Macunaíma apanhou muitas frutas e depois foi embora, mas os índios ficaram ali
e também apanharam e comeram muitas frutas. Os índios então pensaram em pegar
alguns galhos daquela árvore para plantar em suas roças para que ela nascesse
que nem wazaká e então cortaram muitos galhos dela e levaram consigo.
No outro dia Macunaíma foi até onde
estava a grande árvore para coletar mais frutos, e ao chegar lá teve uma grande
surpresa; wazaká estava murcha, sem seus galhos e seus frutos desapareceram. Em
instante, surgiu um grande temporal e derrubou de vez a árvore de todos os
frutos. Macunaíma ficou muito triste, mas sua tristeza não foi maior
que sua ira e ele muito zangado usou seus poderes e queimou toda a floresta, homens
e animais. Os índios que roubaram as frutas e cortaram os galhos de wazaká
foram transformados em pedra, bem como muitas árvores, os taulipangs que
sobreviveram fugiram da região.
PAABA também ficou zangado com Macunaíma
por não ter cuidado de sua árvore a wazaká e também o transformou em pedra, mas
seu Espírito continua morando em MATAWI KUKENÃ, a grande montanha, o Monte
Roraima, a morada dos espíritos. Quando wazaká caiu muito de suas sementes se espalharam pelo mundo e é por isso que em alguns lugares as frutas são mais abundantes do que as outras em alguma espécies de frutas.
LENDA DOS INDIOS TAULIPANG
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